27 de setembro de 2012

Intervenção: TAI DOIDO!


É muito (eu disse MUIIIIIITO) quando acontece alguma coisa boa que nos deixa intrigados e muda a nossa rotina né? Mesmo as coisas mais simples, às vezes nos fazem olhar com novos olhos algo já visto antes.
Foi isso que aconteceu comigo quando eu vi a frase icônica "TAI DOIDO" estampada em letras garrafais (com garrafas de Itú), em diversos lugares do centro de Caruaru.
A ideia partiu de um grupo de amigos, Cinara Daliana, Rafael Gonzales ,Rafaela Cavalcanti, Mayra Marcelino e Adelaide Zhayra, estudantes de Design da UFPE | CAA, como projeto da disciplina Tipografia Experimental, lecionada por Leonardo Buggy apenas.
Partindo daí, procurei o povo e disse logo GENTE, COMO ASSIM? ME CONTA!
E aí eles soltaram o verbo e contaram como surgiu essa ideia louca e linda! Segura aí.

TCH - A expressão "Tai doido!", que vocês usaram é bastante característica do agreste de Pernambuco e principalmente de Caruaru, de onde surgiu a ideia da intervenção?


Tudo começa com a proposta da cadeira de tipografia experimental em um exercício sobre tipografia e o espaço urbano. Como já havia um pré-projeto pessoal de lambe-lambe feito por Rafaela, achamos que seria uma boa aplicá-lo, um bom motivo e forma de dar visibilidade a um tipo de arte urbana que achamos genial. Então vieram as questões: O que? Onde? Como? Na verdade não lembramos muito bem como a discussão que tivemos chegou ao “Tai Doido!”, acho que procurávamos uma expressão para a intervenção que conseguisse atingir aos caruaruenses, impactando com algo que já é tão cotidianamente utilizado por eles, que em muitos passa despercebido e nessa discussão com Mayra e Adelaide chegamos ao danado do “tai doido”, uma expressão bem popular caruaruense usada em vários tipos de interjeições como as de surpresa, admiração, etc. Talvez por acharmos engraçado ouvir e falar... Tá na boca do povo! Já os lugares escolhidos foram meio que filtrados a partir da série de mudanças que têm rolado em Caruaru nesse últimos anos, alterando a rotina dos moradores do local. Enfim, um viaduto/duplicação de uma BR construídos do “dia pra noite”, filas, engarrafamentos e demora para pegar ônibus, prédios residenciais/comerciais monstruosos surgindo a cada dia. E como o caruaruense responde a isso? TAI DOIDO!



TCH - As obras são gigantes! Como foi o processo de produção e quais as maiores dificuldades que vocês passaram?


Sem dúvida o corte e montagem das peças. Produzimos um misto entre lambe-lambe e stickers, misturamos o conceito de ambos, resultando num tipo de lambe-lambe em recorte, ou em um sticker sem adesivo. O primeiro passo foi projetar exatamente o que colocaríamos, quais fontes utilizaríamos, o layout, tamanhos e todas essas coisitas projetuais.  Em seguida veio a impressão e montagem, toda aquela história de cortar e colar, preparação do material para aplicação, fazer a delícia do grude e por último o mais prazeroso que foi a aplicação. “Vê se tá tronxo, menino”,  “Tá vindo alguém? Não? Então passa aí o grude”. E assim foi, noite a dentro.


TCH - Caruaru, mesmo sendo um berço artístico e cultural de algumas vertentes (como o artesanato de barro do Mestre Vitalino) ainda é bastante carente quando falamos em artes gráficas e street art mesmo. Vocês acham que esta iniciativa de vocês pode ser o "empurrãzinho" que faltava para produções como esta? 

Na verdade, falta um empurrãozão! Mas sim, já é um bom começo. Pelo o que vimos através de redes sociais, o trabalho repercutiu muito bem, o que acaba incentivando outros aspirantes a “artistas de rua” tirarem do papel suas ideias e vontades, tanto como forma de protesto, quanto expressão artística mesmo. Algo bem válido por aqui,  uma cidade carente de não apenas entusiastas, mas principalmente do interesse e reconhecimento vindos de seus conterrâneos. Tendo em vista tantos exemplos e inspirações de vários cantos do mundo, por que não na Princesinha do Agreste também?


TCH - Eu particularmente AMEI essa iniciativa, qual o próximo projeto?


Não se espante se avistar alguns corpos nus pela avenida nas próximas semanas. ;)


Se espantar? Vamos ADORAR! TAI DOIDO! Que venha!
Sugiro que vocês abram os olhos ao andar pela cidade agora hein? Por hora, vou deixando umas imagens de degustação do que se pode ver por aí... 





O processo de produção, corte, ajustes e um gato preto 

O resultado final em vários lugares... ABRAM OS OLHOS!

Os responsáveis!








Making off


Fotos: Divulgação | Rafael Gonzales


Jacque Tamboo



Um comentário:

  1. Muito bom, adorei a ideia!
    As misturas de ideias, resultando em pensamentos críticos no dia-a-dia.
    Parabéns a galera pela iniciativa, venham fazer aqui no Cabo.
    Ok, Rafa? rsrs

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